domingo, 31 de janeiro de 2010

A morte do primeiro-tenente Fujii


Honra ou loucura?


Ante todo o desastre e colapso iminente, os comandantes japoneses decidiram usar uma estratégia desesperadora. Relembrando o sangue e a honra samurai criaram em 1943 os pilotos kamikazes (suicidas) que deveriam atingir os navios americanos que avançavam em pelo Pacífico. Muitos entendiam que a estratégia não mudaria o curso da guerra, pois ao término da Batalha das Malvinas, ficou claro que o Japão perderia a primeira guerra de sua história.


Mas há de se ressaltar que dos 4 mil pilotos japoneses mortos como kamikazes, quase todos eram soldados. Os coronéis e generais diziam a seus subordinados que iriam atrás deles, mas nunca partiam, nunca decolavam, nem ofereciam a própria vida como cobravam deu seus pilotos. Dentre os poucos oficiais que morreram como kamikaze, a história mais lendária talvez seja a do primeiro-tenente Fujii. Como instrutor de vôo ele disse aos seus subordinados que não poderia mandá-los para a morte, sem ir junto: “Não posso simplesmente enviar vocês”, oferecendo-se como piloto kamikaze.


Fujii tinha esposa e dois filhos pequenos e queria envelhecer com eles. Entendendo a situação, sua esposa o escreveu uma carta na qual dizia: “Se estiver viva só o atrapalharei. Irei antes de você para esperá-lo”. Ela se jogou dentro de um rio com as duas crianças, cujos corpos foram encontrados mais tarde. Ao saber, o tenente endereçou uma carta aos seus filhos dizendo: “Seu pai vai se unir a vocês, depois de se destacar em combate”.


Em 28 de maio de 1945, o primeiro-tenente Fujii e seus subordinados afundaram um navio americano. A II Guerra Mundial terminaria em agosto do mesmo ano. Os kamikazes mortos no confronto foram lembrados como “deuses militares”, os que sobreviveram ao conflito foram esquecidos. De uma forma geral os japoneses atuais procuram não lembrar mais de histórias como a relatada. A história do tenente Fujii apenas enfatiza um povo (o japonês) que entende a morte como algo natural, importando não quando se vai morrer, mas como se vai morrer.

*Relato extraído do documentário “Kamikaze: a história de pilotos dispostos a morrer pela pátria”.


*Aermo Wolf

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